66 Dias para mudança de hábito

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O que você precisa para mudar de hábito?

Até há pouco tempo pensava-se que modificar e automatizar um hábito exigia 21 dias. Otimismo demais! Um estudo recente de Jane Wardle, do University College de Londres, publicado no European Journal of Social Psychology, afirma que para transformar um novo objetivo ou atividade em algo automático, de tal forma que não tenhamos de ter força de vontade, precisamos de 66 dias.

Ninguém está inteiramente certo de onde a regra dos 21 dias se originou. Um dos pioneiros na Teoria dos 21 Dias foi o cirurgião plástico e psicólogo Maxwell Maltz, em 1960. Ele relatou que seus pacientes notavam as mudanças nas cirurgias apenas após 21 dias da operação, e registrou no livro Psico-cibernética que 21 dias é o tempo que o cérebro precisa para se adaptar a uma mudança.

Em 1983 o artigo Three Weeks to a Better Me, na Reader’s Digest,relatou os esforços de uma mulher em não criticar durante 3 semanas. John Hargrave também descreve a importância dos 21 dias em seu livro Mind Hacking: How to Change Your Mind for Good in 21 Days. No livro best seller O Poder do Hábito, Charles Duhhig considera que são necessários 21 dias de repetição de uma ação para que ela se torne um hábito. Claro que existe a individualidade de cada um que pode levar a uma variação, como mostrado no estudo de Phillipa Lally, pesquisador de psicologia da saúde na University College London, publicado no European Journal of Social Psychology, no qual foi evidenciado que a partir de 18 dias consegue-se mudar um hábito, mas pode variar dependendo da pessoa, do comportamento e circunstâncias, sendo que o tempo médio foi de 60 dias para um comportamento tornar-se automático.

Sinceramente, tanto faz se forem 21 ou 66! O interessante é que somos capazes de aprender, treinar e modificar o que desejarmos. O número de dias é relativo. Depende de fatores como insistência, perseverança, habilidades, das variáveis psicológicas da personalidade e do interesse. A mudança está em torno de dois meses e pouco. O que são dois meses no ciclo de nossa vida? Nada. Esse tempo é necessário para sermos capazes de fazer a mudança que desejamos. E isso nos torna livres e poderosos.

Abandonar e quebrar um hábito, como parar de comer carne, parar de fumar, parar de criticar, adotar condutas altruístas…etc. Tudo o que você precisa é de determinação e disciplina fazendo ou deixando de fazer determinada coisa. Mas já que é pra fazer bem feito, vamos fazer por 66 dias!

Hábitos

Você sabia que tudo o que você conquistou, assim como o seu padrão de pensamento e comportamento estão relacionados aos seus hábitos? Ou seja, os seus hábitos influenciam diretamente a sua qualidade de vida.

Os hábitos são, essencialmente, padrões de comportamentos e acabam se tornando uma parte do que somos.  Quando algum comportamento se repete o cérebro cria vias sinápticas mais rápidas, de maneira que uma ação aciona a ação seguinte, de forma quase automática.

Hábitos conscientes x inconscientes

O cérebro tem duas formas de tratar as informações e ações vividas: uma de maneira consciente e a outra inconsciente. Mas talvez você pergunte: é possível fazer algo de forma inconsciente, sem nos darmos conta? Sim, é o que costumamos chamar de “modo automático”, são as ações que você executa sem a necessidade de prestar atenção em cada movimento. E muitas das coisas que executamos com frequência ao longo do nosso dia, de forma repetitiva, estão no modo automático, seja na nossa rotina doméstica ou mesmo no trabalho. Dirigir, por exemplo, é um hábito tão mecanizado que muitas vezes você sai de um lugar e chega ao outro e nem se lembra do percurso que fez, seja de carro ou mesmo a pé.  Seu cérebro está tão treinado com aquele caminho que você o faz com a mente focada em mil e uma ideias, menos no ato de dirigir, caminhar ou no percurso.

Acontece que quando você repete essa ação muitas vezes o cérebro cria um caminho neural que envolve os atos de pensar, sentir e agir. Depois que o cérebro se considera treinado o suficiente para determinada coisa, sai do modo consciente e vai para o inconsciente. E, nesse processo, pelo menos 95% das nossas ações são comandadas pela mente subconsciente, um super computador carregado com uma base de dados de comportamentos programados.

A transferência ocorre quando uma ação já programada migra da zona CONSCIENTE do cérebro, ou seja, da zona pensante, para a zona de execução automática do cérebro, ou seja, INCONSCIENTE. É isto que nos permite ser multifuncionais. Vamos citar novamente o exemplo de dirigir, algo fácil e totalmente mecânico. Observe quantos movimentos são realizados sem que você precise prestar atenção. O pé direito no acelerador ou no freio e o pé esquerdo na embreagem, os 3 pedais em movimentos sincronizados para o carro não morrer. Você pensa na meia embreagem quando dirige? Certamente não. Enquanto isso os olhos monitoram 3 retrovisores e as mãos controlam o volante, câmbio e setas para sinalizar as conversões, etc… E você faz tudo isso enquanto conversa com alguém no carro ou ao telefone, canta, toma decisões importantes, ouve o rádio, enfim,  sua atenção está sempre voltada para alguma outra coisa, pois dirigir não requer sua atenção uma vez que se tornou algo automático.

Até aí, estaria tudo ok não fosse a comprovação pela neurociência de que estamos no piloto automático, sob o comando da mente inconsciente, 95% do tempo.

Ou seja, você não está consciente na maior parte do tempo. Apesar disso, é bom saber que você pode programar e desprogramar o seu cérebro no que se refere a qualquer ação cognitiva que envolva o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio e o intelecto. É através da repetição que você adquire uma nova forma de pensar, sentir, agir e se comportar, esteja você ciente ou não.

A Lauren Martin, do Elite Daily, expôs uma espécie de cronograma, que pode ajudar quem ainda está confuso com essa ideia de mudança. Confira:

  1. a) Hora de pedir ajuda (do dia 1 ao 22)

Conte às pessoas do seu convívio a respeito de seus planos de mudança, peça aos mais próximos que policiem seu comportamento e chamem sua atenção se perceberem que você, por exemplo, colocou a mão na boca mesmo querendo parar de roer unhas. Dê a essas pessoas a liberdade de, por 22 dias, gritarem com você e se meterem na sua vida.

  1. b) Autoanálise (do dia 22 ao 44)

Agora que você já está livre do mau hábito há alguns dias, faça uma análise da sua vida, das coisas que você já conseguiu fazer, das que gostaria de mudar e pense que você está perto de mudar mais uma dessas características que incomodavam você de alguma maneira.

Pense no bom hábito que você está adquirindo e no ruim, que está indo embora. Reflita a respeito das mudanças que cada um deles vai fazer na sua vida. Isso vai ajudar você a seguir em frente.

  1. c) Tá quase (do dia 44 ao 66)

A verdade é que é difícil cair em tentação e esquecer por que você resolveu fazer essas mudanças, então, nos últimos 22 dias da criação de um novo hábito, você precisa encontrar alguma coisa em que se apoiar, alguma coisa que motive você a passar pelo processo.

Depois que os 66 dias passarem, comemore sua vitória. Vá a alguma festa, compre alguma coisa nova, chame seus amigos e peça uma pizza, agrade a si mesmo. E tenha sempre em mente que a vontade de roer unha pode voltar, mas ela vai passar depois de alguns minutos e, com o passar dos meses e anos, você vai achar um absurdo o fato de já ter roído unha um dia. Verdade.

Fonte: Estúdio da Mente – consultado em 12/02/2019

Prof. Paulo Morais
  • Prof. Paulo Morais
  • Analista Comportamental pela PM Desenvolvimento Humano Integral (https://pmorais.com.br)
    Mentor em Qualidade de Vida e Bem Estar pelo ICS - Instituto Crê Ser (https://institutocreser.org)
    Fundador do Programa de Impacto Social da F10 - Fundação 10 Envolver (https://10envolver.org)

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